bg-foto

27 de novembro de 2015

Do Pantanal para os Emirados Árabes: jovem abandona faculdade para viver do Jiu-Jitsu

Atleta corumbaense, Ariadne (kimono escuro) é bicampeã brasileira e ostenta outros títulos (foto: Gracie/Magazine)

As primeiras finalizações de Jiu-Jitsu Ariadne de Oliveira aprendeu com o pai dela em solo pantaneiro, mais precisamente em Corumbá (MS), onde nasceu. À época, o sonho dela de viver dessa arte marcial parecia distante, mas depois de muito suor e tantos títulos ele tornou-se realidade. Hoje, a jovem, de 25 anos, mora nos Emirados Árabes Unidos (EAU), e organiza a rotina entre treinos e aulas que dá nas escolas locais.

Diariamente, ela coloca em prática a rotina rigorosa aprendida nos tatames ainda na infância. Antes de ir para o colégio, onde atua como professora ensinando os golpes que a fizeram ser campeã mundial, Ariadne faz uma preparação física. Quando retorna do trabalho, ela treina novamente. Segundo ela, na cidade de Al Ain, o Jiu-Jitsu é uma disciplina ofertada para as crianças assim como a matemática e a língua portuguesa são ensinadas no Brasil.

"Nunca imaginei viver do Jiu-Jitsu, apesar de sempre ter sonhado com isso", declara a jovem lamentando apenas os mais de 12 mil km que a separam da família."É muito difícil ficar distante de quem realmente te apoia, mas você acaba acostumando e a tecnologia ajuda a matar a saudade".

OUTRAS RENÚNCIAS

Antes de mudar de país, o que ocorreu em 2014, Ariadne cursava odontologia na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul em Campo Grande, mas chegou um momento em que teve de escolher entre as duas carreiras. "Sempre consegui conciliar estudos e treinamento até a faixa preta. Era uma rotina bem corrida, mas conseguia. Ano passado decidi trancar minha faculdade de odonto para viver do Jiu-Jitsu e hoje moro aqui, trabalhando e treinando". 

Nessa carreira de lutadora, a atleta corumbaense ostenta títulos importantes. Dentre eles, o de bicampeã brasileira e campeã do Rio International Open categorias peso e absoluto, por duas vezes vice-campeã mundial na competição realizada pelo International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF), campeã mundial profissional em evento organizado pela Federação de Jiu-jitsu dos Emirados Árabes Unidos (UAEJJF, na sigla em inglês) e, o mais recente, bronze na competição do IBJJF neste ano. 

Ela teve de trancar a faculdade para se dedicar ao
Jiu-Jitsu (foto: Gracie Magazine)
"Acho que ser lutadora ainda não é algo comum em nossa sociedade, porém em comparação com espaço de 13, 14 anos atrás, que foi quando comecei, é muito maior e melhor. A mulherada penou para chegar onde estamos. Não se compara ao masculino ainda, mas já caminhou muito". 

Ariadne não detalha os obstáculos que ela mesmo teve de enfrentar para conquistar os títulos, mas tem lembranças claras de cada vitória nos tatames. 

"Eu me lembro, sim, da sensação, mas acho que não consigo descrever. Jiu-Jitsu pra mim é uma realização pessoal. É bem difícil descrever o sentimento de dever cumprido, de ganhar algo que você almeja e trabalhou duro por isso! As dificuldades, só quem viveu sabe", finaliza. 

JIU-JITSU NO DNA

Além de Ariadne, existem outros lutadores na família. O pai dela, médico Manoel João Costa, os irmãos Celinha Oliveira e Taedes Mendonça e o marido Stephano Lima. Mestre Manoel comanda a equipe da Academia Iron Jiu-Jitsu em Corumbá. 
PÁGINA ANTERIOR PRÓXIMA PÁGINA HOME