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12 de novembro de 2015

'Eu venci!', declara dona de casa que virou meteorologista; única a atuar em MS

Cátia Braga é metereologista do cemtec e professora. 
(Foto: Reprodução Facebook)
Quando Cátia Cristina Braga Rodrigues, de 44 anos, deu início aos estudos em um curso de nível superior, tinha um filho de oito anos e estava grávida do segundo menino, hoje com 18. Segundo ela, os desafios não foram poucos, mas insuficientes para a fazerem desistir do que mais amava: estudar a atmosfera. Onze anos depois de ter tomado a decisão de prosseguir com os estudos, ela é a única meteorologista, mulher e negra, a atuar em Mato Grosso do Sul.

Ela conta que desde as primeiras aulas que teve na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) até hoje é fascinada com a força da natureza. "Poder 'brincar' de saber o que vai acontecer com o tempo e clima. Apreciar uma carta sinótica e os modelos numéricos do tempo para fazer uma avaliação coerente e a mais certa possível.  Ser meteorologista operacional é saber lidar com a frustração. É chato errar a previsão", declara.

Outro inconveniente da profissão é a escassez de profissionais. "São poucos concursos para meteorologista operacional. Tem também a gozação de sempre com meteorologista", brinca.
Mesmo sem detalhar, ela conta que também teve de enfrentar o preconceito e a discriminação, tanto por uma questão de gênero quanto pela cor da pele. "No meu discurso de formatura falei sobre isso. Negra, mulher, mãe, esposa, em uma área com poucos profissionais. Parecia uma utopia o fim de um curso baseado em cálculos e física, mas aconteceu, terminou, venci!".

Frequentemente, essa vitória de Cátia, de ter concluído o ensino superior, é estampada em jornais e transmitida na TV. Isso porque como coordenadora técnica do Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul (Cemtec), ela costuma detalhar aos interessados, especialmente aos jornalistas, o porquê das mudanças climáticas. "O preconceito existe, mas estar na mídia dá um certo verniz diante do preconceito. As pessoas admiram quem está na mídia".

Quando indagada sobre a definição do que é ser meteorologista, ela diz que "significa prestar irreverência à natureza e compreender que quem sabe mesmo de previsão do tempo e do clima é Deus!".  

Além de trabalhar no Cemtec, Cátia ensina climatologia e matemática financeira nos cursos de Gestão Ambiental, Geografia, Administração e Ciências Contábeis do Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran) e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

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