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1 de novembro de 2015

Muçulmana enfrenta ‘turbulências’ para se tornar piloto de avião

(Foto: Reprodução/Facebook)
Os sonhos dela pareciam estar nas nuvens e para lá foi ela, primeiro como comissária de bordo e, mais tarde, como piloto de avião. Muçulmana, Amel Sayed El Attar, que hoje mora em São Paulo,  contornou o machismo, as pressões da religião e da própria família, como uma aeronave contorna as nuvens de tempestades. E assim, em solo brasileiro, conseguiu firmar-se na aviação, “um ‘mundo’ que julgavam não pertencer as mulheres”.

Amel nasceu no Egito e veio para o Brasil
ainda criança (Foto: Reprodução/Facebook)
“Eu visitava minhas amigas e elas só falavam de marca de fraldas, comidas pra marido e utensílios domésticos. Me sentia um ET e então eu pensava: ‘esse mundo delas não é pra mim'”, lembra Amel sobre as conversas que tinha com as amigas que também deixaram o Oriente Médio para morarem no Brasil.

E a mudança para o universo que Amel julgava ser dela só foi possível graças as decisões que tomou. “Mudei meu ciclo de amizades e comecei a estudar fervorosamente em busca do que julgava importante”.

Aos 30 anos, ela conseguiu realizar o sonho de ser piloto, mas as dificuldades não cessaram. A mais difícil, segundo ela, foi “passar pela barreira tipo ‘corredor polonês’ dos homens que não aceitam mulheres no mundo que julgam deles”.

Teve piloto que recusou-se a ensinar as técnicas da aviação para Amel para não ter “problemas” com a esposa relacionados ao ciúme. “O dono do avião me contratou e o ele disse : ‘não vou treiná-la'”, lembra Amel . “Outros dizem ter medo de voar com mulher pois perderiam seus trabalhos já que as mulheres são mais caprichosas” .

E por falar em cuidado feminino, Amel teve de renunciar um deles em prol do sonho: o véu, tão característico das muçulmanas.

“Quando tinha 20 anos e retornei de uma viagem de férias do Egito até pensei em usar, mas se sem o lenço já é difícil imagina com ele. Então tirei essa ideia da cabeça”.

Enquanto alguns pensamentos foram abandonados, outros nem chegaram a ocupar espaço na mente de Amel, como os questionamentos quanto a capacidade dela em pilotar aeronaves. “Somos iguais,seres pensantes. Não é um órgão sexual que me tira o direito de pensar, ou diz que sou inferior a alguém”.

E esta é a mensagem que Amel costuma deixar para outras mulheres. “Que se posicionem perante os homens como iguais e não como inferiores ou coitadinhas.Que filtrem as opiniões ou críticas que ouvirem e usem essas críticas como uma catapulta para alavancar os sonhos e atingir os objetivos”. Ela fez isso.


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